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Um passo a passo simples e prático para você utilizar a comunicação a seu favor

Alguma vez você já sentiu vontade de falar alguma coisa e acabou se calando, se arrependendo mais tarde? Ou então falou algo em um momento de fúria, machucando uma pessoa que você gostava?

Pois é. Emoções acumuladas ou comunicadas de forma inadequada produzem consequências negativas, como explosões de raiva em momentos impróprios, desenvolvimento de transtornos psicossomáticos e elevação dos níveis de ansiedade.

Pare e observe o mundo ao seu redor. A forma como você se expressa quando está diante de outras pessoas e a forma como as pessoas reagem à sua fala dizem muito sobre o que você conseguirá (ou não!) realizar.

Para que isso fique mais claro, farei um experimento com você, ao mesmo tempo em que ilustro três estilos diferentes de comunicação (que você certamente já utilizou ou utiliza em seu dia a dia).

Observe como cada estilo gera consequências e reações bem diferentes nas pessoas.

Então, vamos iniciar!

Imagine que eu chegue para você e lhe diga, em um tom de voz alto e olhando fixamente em seus olhos:

Se você não ler este artigo agora, terei certeza de que não quer melhorar a sua vida! Você só pode estar brincando! Prefere passear no shopping a ler este texto que pode te ajudar a se comunicar melhor!”

O que esta fala lhe provoca? Você sente vontade de ler o artigo?

O estilo agressivo

Olha, é muito provável que você fique aborrecido(a) comigo pela postura intimidadora que se faz presente e não leia o texto por simples birra. Pois é, utilizei aqui o que denominamos de estilo agressivo de comunicação.

Você percebe que está se expressando de maneira agressiva quando fala em um tom acima do necessário, com gestos ameaçadores e postura autoritária.

Observe que agindo assim, você produz sentimentos de raiva e vingança nos outros.

Lembre-se: sendo agressivo, você estará comunicando o que deseja, mas prejudicando sua relação com as pessoas.

Certo, entendido. Então, digamos que eu resolva não falar desta forma, e chegue para você me expressando assim:

Você se incomodaria de ler este artigo? (risos) É que… eu fiz com muito cuidado, peço desculpas por tomar seu tempo, mas talvez o conteúdo dele possa te ajudar a se comunicar melhor. Mas se não puder, não se incomode.”

Que tal?

O estilo passivo

Imagine agora que eu falei isso em um tom de voz baixo, vacilante, olhando para qualquer lugar que não seja os seus olhos.

Então, qual a sua motivação para ler o artigo?

Arrisco a dizer que talvez você leia por pena de mim!

Desta vez, utilizei o que se chama de estilo passivo ou não assertivo.

Você estará se comunicando de forma passiva quando perceber que está adotando uma postura submissa, evitando contato visual e utilizando tom de “queixa” na fala.

Perceba que desta forma, você estará gerando sentimentos de pena, irritação ou desprezo por parte das pessoas.

Aqui, você não estará atingindo seus objetivos, pois estará sacrificando-os para manter a relação com o outro. Com isso, possivelmente se sentirá mal consigo mesmo.

Mas então, neste caso, como posso fazer com que você se interesse pela leitura deste texto?

O estilo assertivo

Veja a seguinte fala:

Eu quero lhe mostrar um artigo que desenvolvi sobre formas de se comunicar. Penso que as dicas podem contribuir muito para que você se sinta mais seguro(a) nos seus relacionamentos, seja no trabalho, em casa, com amigos ou em qualquer lugar onde você estiver.”

Então? Ficou com mais vontade de ler o texto?

Imagino que sim, afinal, nesta fala, utilizei o estilo assertivo de comunicação.

Você age de forma assertiva quando consegue ser direto e honesto na expressão de seus sentimentos, passando seu recado para a pessoa com quem está conversando, de forma que ela se interesse pela sua fala e, ao mesmo tempo, se sinta respeitada.

Sendo assertivo, você alcança os objetivos desejados e preserva sua relação com o outro.

Então, após conhecer os três estilos, você consegue perceber a importância que a forma de se comunicar exerce na sua vida?

Todos nós adotamos os três estilos de comunicação em nosso dia a dia, porém, geralmente cada pessoa apresenta um padrão específico.

É importante que você possa identificar o seu padrão, para que perceba as consequências de sua fala sobre as pessoas com quem você convive. Quanto mais assertivo você for, mais você conseguirá manter uma boa relação com os outros.

É. Mas nem sempre esta tarefa é fácil.

Aliás, algumas pessoas têm mais dificuldade que outras para se comunicar, ou porque se sentem ansiosas perto dos outros, ou porque não apresentam em seu repertório comportamental as habilidades necessárias para uma comunicação assertiva.

Se você se enquadra em uma destas situações ou gostaria apenas de melhorar suas habilidades de comunicação e utilizá-las a seu favor, acompanhe comigo os quatro passos preciosos para você se comunicar de forma mais assertiva.

Passo 1: Se expresse de forma firme e direta

Esta é uma dica simples, mas que provoca grandes mudanças.

Ao se dirigir à outra pessoa, inicialmente coloque-se em uma postura ereta e olhe diretamente nos olhos dela.

Utilize um tom de voz natural de conversa e mensagens em primeira pessoa.

Você pode utilizar palavras ou expressões como: “Penso”, “Sinto”, “Quero”, “Façamos”, “Como podemos resolver isto?”, ou utilizar diretamente o pronome “eu”, como nas seguintes frases:

  • Eu gostei disso…”;
  • Eu fiquei irritado com o seu comportamento comigo”;
  • Eu gostaria que me pedisse emprestada a roupa que você deseja antes de pegá-la do meu armário”.

O uso do pronome “eu” em suas declarações mostra às pessoas que você está falando dos seus sentimentos e preferências, o que desperta a curiosidade e o interesse de quem ouve.

Além disso, é muito mais difícil que alguém fique aborrecido ao ouvir declarações deste tipo, pois ninguém pode negar o que você está sentindo.

Passo 2: Reconheça o que percebe de positivo no outro

Fazer elogios (sinceros) aos outros é uma excelente forma de fortalecer e aprofundar as relações. As pessoas gostam de ouvir expressões positivas sobre como nos sentimos em relação a elas.

Os elogios podem ser feitos sobre o comportamento, a aparência e/ou as posses da pessoa. As expressões positivas podem ser melhores se forem feitas das seguintes formas:

  1. Seja específico, ou seja, diga exatamente o que lhe agrada na outra pessoa;
  2. Diga o nome da pessoa na hora de elogiar;
  3. Expresse o elogio utilizando seus próprios sentimentos, em vez de utilizar termos absolutos ou fatos. Por exemplo, é melhor dizer “Gosto da sua blusa” do que “É uma blusa bonita”;
  4. Ofereça expressões positivas quando não quiser nada da outra pessoa. Se for pedir um favor, é provável que o elogio não seja levado em conta;
  5. Não devolva o elogio recebido com outro igual dirigido à pessoa. Pode soar superficial, como se fosse uma obrigação;
  6. Em algumas situações, você pode fazer uma pergunta logo após o elogio, tornando-o mais fácil de fazer e de ser aceito pelo outro. Ex.: “Acho lindo seu cabelo! Qual xampu você usa?”.

Mas atenção!

Não esqueça que quando você começar a fazer mais elogios, é provável que também receba mais elogios. Você sabe aceitá-los?

Frequentemente, um simples “Obrigado!” ou um “Obrigado, você é muito gentil!” é suficiente. Nunca responda a um elogio das seguintes formas:

  • Negando-o (“Quem? Eu?”);
  • Mudando o foco de atenção (“Eu também gosto da sua calça”);
  • Recusando-o (“Você gostou mesmo da minha blusa? Comprei naquele balaio da esquina!”).

Se você fizer isso, é provável que não volte a receber elogios!

Passo 3: Fale o que lhe desagrada no outro

Você tem o direito de se sentir incomodado quando alguém faz algo que não lhe agrada, como por exemplo, quando aquele vizinho faz barulho à meia-noite e você não consegue dormir. Ou ainda, quando você pediu um filé em um restaurante e o garçom lhe trouxe purê de batatas.

Nessas situações, você deve expressar seus sentimentos de maneira socialmente adequada, ou seja, sem humilhar ou rebaixar a outra pessoa.

Isso pode não ser uma tarefa fácil, pois nem sempre as pessoas responderão favoravelmente às suas expressões.

Porém, você pode suavizar a reação do outro se levar em conta as seguintes diretrizes:

  1. Avalie se vale à pena criticar determinado comportamento. Este pode ser muito insignificante, ou ter ocorrido apenas uma vez e nunca mais voltar a acontecer;
  2. Seja breve. Não faça rodeios após expressar o que queria dizer;
  3. Dirija sua crítica ao comportamento, e não à pessoa;
  4. Expresse os sentimentos negativos em primeira pessoa, e não em termos absolutos;
  5. Quando possível, inicie e encerre a conversação em tom positivo;
  6. Esteja disposto a escutar a outra pessoa. Encerre a conversação quando perceber que esta pode terminar em atrito.

Veja uma forma assertiva de falar algo que lhe desagradou: “Lia, embora você fique linda com esta saia, eu não gosto quando você pega minhas roupas sem avisar. Como podemos resolver isso para que fique bom para nós duas?”.

Passo 4: Saiba recusar pedidos

Você tem o direito de dizer “não” a pedidos que considerar pouco razoáveis ou àqueles que, mesmo razoáveis, você não queira atender. Isso lhe permite dirigir sua vida, evitando se colocar em situações em que mais tarde você lamentaria ter se envolvido.

Porém, lembre-se: quando for recusar um pedido, utilize razões, e não pretextos.

Mas o qual a diferença?

Então, vou lhe explicar. Uma razão é algo que se mudasse, mudaria a resposta. Ou seja, se você recusar o convite de um amigo pois está ocupado, mas teria dito “sim” caso não estivesse ocupado, “estar ocupado” é uma razão.

Porém, se está ocupado e recusa o convite, mas continuaria recusando inclusive se não estivesse ocupado, “estar ocupado”, nesse caso, é um pretexto que simplesmente serve para justificar a recusa.

O uso de pretextos é desaconselhado, pois pode se tornar uma armadilha.

Por exemplo, se estar ocupado é um pretexto, a outra pessoa pode repetir o convite em um momento em que você não esteja ocupado. Isso pode deixar você constrangido, já que estar ocupado não era a verdadeira questão.

Outras recomendações importantes na hora de recusar pedidos:

  1. Diga simplesmente “não”. Você pode dar uma razão, mas não existe uma obrigação de justificar a resposta;
  2. Peça tempo, se necessário, para pensar sobre o pedido;
  3. Caso o pedido não tenha sido claro, solicite mais informações sobre o que está sendo solicitado;
  4. Se você for pressionado, pode repetir o “não”, mas não existe a obrigação de dar uma razão ou justificar a resposta. Uma vez que você tenha dado uma resposta clara, pedidos posteriores por parte da outra pessoa serão provavelmente incômodos e inapropriados e podem ser ignorados.

Palavras finais

Não menospreze a influência da comunicação em sua vida! Você passa a maior parte do seu dia conversando com outras pessoas, seja por telefone, mensagem, e-mail, redes sociais ou pessoalmente.

Quando você consegue se expressar de forma assertiva, sua autoconfiança aumenta, as tarefas do dia a dia se tornam mais fáceis e você consegue estabelecer relacionamentos de maior qualidade.

Além disso, quando você expressa suas emoções, você impede que elas se acumulem em seu interior, promovendo maior sensação de bem-estar e contribuindo para sua saúde mental.

Portanto, para se expressar de forma assertiva, lembre-se dos quatro passos:

  1. Comunique-se de forma firme e direta;
  2. Reconheça o que percebe de positivo no outro;
  3. Fale o que lhe desagrada no outro;
  4. Saiba recusar pedidos.

Comece desde já as mudanças! Praticamente todos os momentos do seu dia oferecem uma oportunidade para colocar em prática estes passos!

Natália Rigatti

Psicóloga (CRP 07/20324), apaixonada por esportes e alimentação saudável, praticante de corrida de rua e defensora da busca pelo bem-estar e qualidade de vida das pessoas. Em 2012 iniciou o trabalho na Clínica com psicoterapia individual, e em 2013 tornou-se Especialista em Psicoterapia Cognitivo-Comportamental. Em 2015, decidiu realizar seu sonho e mergulhar ainda mais fundo no universo das pessoas ansiosas, fundando o projeto “De bem com a ansiedade”. Hoje, além de ajudar seu público a melhorar sua relação com a ansiedade, também auxilia psicólogos a trabalharem com ansiedade de uma forma mais criativa e funcional.

Este post tem 2 comentários

  1. Silvia

    Amei o site!!! Os conteudos são didaticos, atrativos,despertam interesse para ler tudo. Sou ansiosa e é o primeiro conteudo que me atraiu bastante!!!

    1. Natália Rigatti

      Silvia, fico muito feliz em saber disso. Agradeço muito pela generosidade em dar este retorno! 🙂 Muito obrigada! Um grande abraço!

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