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5 motivos fortes para você parar de tratar a ansiedade como sua inimiga

Você está ansioso. Seu corpo dá sinais: palpitações, dor no peito, tensão muscular. Você se sente inquieto, agitado, irritável.

Você não sabe muito bem por que, mas no fundo acredita que isso nunca será diferente. Que está fadado a brigar com a ansiedade até o fim dos seus dias. Que ela será sempre sua inimiga.

Talvez você esteja fazendo as mesmas coisas há muitos anos e pensando da mesma forma como pensava quando começou a se sentir assim.

Você deseja que as coisas sejam diferentes, mas não sabe o que fazer para que isso aconteça.

É justamente este ponto que eu abordarei neste artigo: como modificar este cenário. Ofereço aqui cinco motivos para você olhar de outra forma para sua ansiedade, perdoá-la por sua existência e estabelecer uma relação mais leve com ela. Então, vamos lá!

Motivo 1: A ansiedade é parte da sua herança biológica

Primeiro ponto a ser compreendido: a ansiedade tem uma base sólida na nossa história evolutiva, portanto, ela existe desde sempre!

Lembre-se de que nossos ancestrais viviam em um mundo com muitos perigos que ameaçavam suas vidas. Portanto, sentir medo e ansiedade era adaptativo: garantia que eles criassem formas de se proteger.

Assim, aqueles que sentiam mais medo acabavam sobrevivendo e passando adiante seus genes, no processo de seleção natural. Esta é a nossa herança.

A grande diferença é que hoje não vivemos mais naquele mundo primitivo, mas nosso cérebro custa a entender isso. Acredite: ele continua a funcionar como se nada tivesse mudado.

Somos dominados pelo instinto de correr de um leão faminto quando o que temos diante de nós é apenas um cachorro latindo. Estamos agindo de acordo com regras construídas na Idade da Pedra.

O que ocorre é que a evolução instalou em nossos cérebros a regra básica “melhor prevenir do que remediar”. Assim, tendemos a antever o perigo de forma exagerada. Este é um mecanismo natural do ser humano.

Portanto, a ansiedade não é um problema que requer que você se sinta culpado ou constrangido.

E tem mais: embora você tenha herdado a ansiedade de seus ancestrais, hoje você pode modificar as regras que ela criou em sua mente, adaptando-as à sua realidade atual.

Quando sua mente lhe enviar mensagens como “cuidado, pois isso não é seguro”, lembre-se de que é apenas uma mensagem, portanto, não é preciso acreditar nela.

Desligue o piloto automático e pare um pouco para analisar: a situação que você irá vivenciar é realmente perigosa ou é apenas a sua mente que está filtrando a realidade desta forma?

Motivo 2: A ansiedade é importante para sua proteção

Então… Agora que você já perdoou a ansiedade por ela ter sido algo positivo no passado, pode também perdoá-la por sua função atual.

Imagine a seguinte cena: você está atravessando a rua e percebe que um carro vem rapidamente na sua direção. Então, você continua caminhando calmamente, aguardando ele chegar e lhe atropelar.

Certo? A não ser que você esteja com algum problema de ordem emocional e apresente pensamentos de morte ou ideação suicida (e neste caso é imprescindível buscar ajuda especializada), a sua reação seria diferente.

Diante de uma situação deste tipo, seu corpo imediatamente se prepara para lutar ou fugir. Neste caso, o mais natural é que você saia correndo para bem longe dali. Graças à sua reação de ansiedade.

O que ocorre neste momento em seu corpo é que as regiões dos grandes músculos, como coxas e bíceps, recebem mais sangue, o que gera tensão e enrijecimento, garantindo que seu corpo esteja preparado para agir.

Essas sensações, portanto, mesmo não sendo agradáveis, são apenas uma forma de seu organismo se preparar para defendê-lo.

Portanto, a ansiedade existe essencialmente para permitir que você se defenda e não para prejudicá-lo(a). O grande segredo está em utilizar com equilíbrio este potencial de defesa, pois quando é excessivo ou mal canalizado, pode atrapalhar ao invés de ajudar.

Motivo 3: A ansiedade é desconfortável, mas não é perigosa

Você já sentiu palpitações, falta de ar, dor no peito, tontura ou outras alterações em seu corpo só de pensar em algo que te deixava ansioso?

Imagino que não tenha sido agradável sentir-se desta forma.

A boa notícia é que apesar de os sintomas da ansiedade serem desconfortáveis, eles não são perigosos.

A ansiedade, como todas as emoções, costuma fazer uma curva: no início aumenta, mantém-se um pouco e depois diminui. Portanto, ela não pode crescer indefinidamente. É um fenômeno que passa, um acontecimento na mente, algo que não precisa ser temido ou controlado.

Então, não há risco algum em se sentir ansioso. Você precisa apenas se habituar a sentir o desconforto provocado pelas sensações de ansiedade, sem interpretá-lo como algo perigoso.

Lembre-se: você sente desconforto em diversos momentos de sua vida. Um exemplo muito claro é o exercício físico: no momento em que seu corpo está realizando esforço, você muitas vezes sente dor muscular, cansaço e ritmo cardíaco acelerado.

E você possivelmente aceite estes efeitos e até interprete-os como algo positivo, pois o exercício está fazendo “efeito”, não é?

Utilize esta mesma lógica com a ansiedade: o desconforto pode ser um sinal de que você está aprendendo a lidar com ela e realizando progressos.

Motivo 4: A ansiedade não o impede de ser produtivo

Quando você começa a sentir ansiedade, surge o impulso de fugir daquela situação. Isso porque, como visto no item anterior, ela costuma gerar sensações desagradáveis.

Quando você foge ou evita uma situação, naquele momento, a ansiedade diminui rapidamente. Gera um alívio. Parece que o problema foi resolvido!

Porém, na próxima vez em que você precisar encarar a situação, aquilo que te provocava medo te deixará ainda mais ansioso, tornando mais difícil o enfrentamento.

É hora de mudar a estratégia. Continue fazendo suas atividades mesmo com as sensações de ansiedade. Não saia correndo para respirar na janela. Mantenha-se ativo! Na hora, a ansiedade aumenta, mas com o tempo, se você continuar enfrentando a situação, tanto o medo quanto a ansiedade diminuem.

Portanto, permaneça exatamente onde você está, afinal, você já aprendeu que não há perigo nenhum em sentir os sintomas da ansiedade.

Motivo 5: Quanto mais você praticar a sua ansiedade no dia a dia, mais se libertará de sua tirania

A essas alturas, você já percebeu que o melhor que tem a fazer é encarar a ansiedade, e não fugir dela. Este comportamento gera efeitos muito mais duradouros e te liberta da tirania da ansiedade.

Na maioria dos casos, você pode aprender a sentir menos medo das coisas. Pode aprender que os barulhos existentes em sua mente não passam de alarmes falsos.

É por isso que muitos medos que você tinha na infância desapareceram na medida em que você cresceu. A experiência vai ensinando as crianças a renunciarem ao medo. Muitas crianças têm horror a água, mas quando aprendem a nadar, o medo some.

Portanto, a chave para a redução da ansiedade é experimentar situações que causam medo repetidas vezes, mas em um contexto que prove que você está seguro.

Vou trazer um exemplo para que isso fique mais claro. Digamos que você sinta sua ansiedade se elevando drasticamente só de ouvir falar em elevador, pois teme que ele pare no meio do caminho e você não tenha como escapar ou chamar auxílio.

Você precisa aprender que na esmagadora maioria das vezes que você entrar em um elevador, ele não irá parar (a não ser que esteja com problemas técnicos).

Porém, para aprender isso, você precisará passar pela experiência de usar um elevador repetidas vezes, até que seu cérebro consiga processar esta nova aprendizagem, ou seja, que aquilo não é perigoso. Além disso, se o equipamento parar, existem formas de lidar com isso, portanto, não se trata de uma catástrofe.

Então, se você não entrar no elevador, nunca aprenderá uma forma nova de vivenciar esta experiência.

Este foi apenas um exemplo para mostrar que ao compreender como a ansiedade funciona em sua vida, você pode afrouxar a pressão gerada por ela. Você começa a utilizá-la de forma produtiva, aprendendo o que ela tem a ensinar.

RESUMINDO…

Simpatizar com a ansiedade é o primeiro passo para aprender a lidar com ela. Passar os dias brigando com ela e tratando-a como uma inimiga apenas dificulta sua vida.

Portanto, lembre-se dos seguintes aspectos que foram mencionados neste artigo:

  1. A ansiedade é parte da sua herança biológica.
  2. A ansiedade é importante para sua proteção.
  3. A ansiedade é desconfortável, mas não é perigosa.
  4. A ansiedade não te impede de ser produtivo.
  5. Quanto mais você praticar a sua ansiedade no dia a dia, mais se libertará de sua tirania.

Tomando conhecimento destes aspectos, você tira um peso que estava em seus ombros de forma desnecessária.

E um ponto importante: o passo mais difícil a ser dado é sair da zona de conforto, é desconstruir as crenças que são familiares a você. Permita-se pensar de forma diferente, passe a se comportar de forma diferente e assim, você conseguirá resultados diferentes!

Natália Rigatti

Psicóloga (CRP 07/20324), apaixonada por esportes e alimentação saudável, praticante de corrida de rua e defensora da busca pelo bem-estar e qualidade de vida das pessoas. Em 2012 iniciou o trabalho na Clínica com psicoterapia individual, e em 2013 tornou-se Especialista em Psicoterapia Cognitivo-Comportamental. Em 2015, decidiu realizar seu sonho e mergulhar ainda mais fundo no universo das pessoas ansiosas, fundando o projeto “De bem com a ansiedade”. Hoje, além de ajudar seu público a melhorar sua relação com a ansiedade, também auxilia psicólogos a trabalharem com ansiedade de uma forma mais criativa e funcional.

Este post tem 2 comentários

  1. Marta Antunes

    Muito elucidativo e motivante!! Obrigada!

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